Quando uma nuvem nômade destila
gotas, roçando a crista azul da serra,
umas brincam na relva; outras, tranqüila,
serenamente entranham-se na terra.
E a gente fala da gotinha que erra
de folha em folha e, trêmula, cintila,
mas nem se lembra da que o solo encerra,
da que ficou no coração da argila!
Quanta gente, que zomba do desgosto
mudo, da angústia que não molha o rosto
e que não tomba, em gotas, pelo chão,
havia de chorar, se adivinhasse
que há lágrimas que correm pela face
e outras que rolam pelo coração!
Guilherme de Almeida
gotas, roçando a crista azul da serra,
umas brincam na relva; outras, tranqüila,
serenamente entranham-se na terra.
E a gente fala da gotinha que erra
de folha em folha e, trêmula, cintila,
mas nem se lembra da que o solo encerra,
da que ficou no coração da argila!
Quanta gente, que zomba do desgosto
mudo, da angústia que não molha o rosto
e que não tomba, em gotas, pelo chão,
havia de chorar, se adivinhasse
que há lágrimas que correm pela face
e outras que rolam pelo coração!
Guilherme de Almeida
Para você, querida amiguinha Ângela, ofereço esta simples quão sincera recordação.
Niura
Mariópolis, 19-09-60.
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