O ESPELHO E O TEMPO

Diante do espelho o tempo se olhava,
Olhava as marcas que ele, o próprio tempo deixou,
Via em si o infinito, a eternidade,
Não se conformava com as mudanças,
Impostas por sua longa existência,
Inquietava-se com a espera,
Olhava ao seu redor e girava,
Girava unido aos seus pensamentos,
Percebia que havia esquecido de registrar os momentos felizes,
Porém guardava em suas lembranças as imagens amargas,
Soube neste momento o porquê das setas que tanto feriam o seu coração,
Soube a razão da dor, da angustia e o porquê te tanto sofrimento,
Decidiu mudar e resgatar tudo que havia perdido,
Decidiu deixar para traz as feridas causadas por ele mesmo,
Olhou fixamente para o espelho,
Seu reflexo, não mais mostrava as feridas abertas,
Mostrava as cicatrizes, que decidiu preservar como ensinamento,
Ele era toda uma existência,
Percebeu que no auge de sua maturidade, agia como uma criança,
Então decidiu simplesmente viver,
Sem se importar com os seus perseguidores,
Sem se preocupar com os seus opressores,
Agora se olha mais uma vez,
Vê em seu reflexo as imagens felizes,
Vê a luz, vê as expectativas,
Vê todas as oportunidades,
Vê em si a esperança.
Vê em si a vida.
Cesar Garcez